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terça-feira, 27 de abril de 2010

2.4 – GUIMARÃES ROSA: UMA PERSPECTIVA DIALÉTICA


GUIMARÃES ROSA: UMA PERSPECTIVA DIALÉTICA

NEUZA MACHADO



Os contos de Sagarana simbolizaram o momento dos sonhos móveis e metamorfoseantes, mas ainda assim observa-se neles o já referido princípio de densidade assinalado por Bachelard. Basta apreciar, por este aspecto, a narrativa "São Marcos", apresentando já a característica, mas ainda ressaltando as "exuberâncias da beleza formal”.

Valorizando posteriormente a intimidade do sertão de origem (a partir de A Hora e Vez de Augusto Matraga), dando forma literária aos devaneios infinitos, Guimarães Rosa realça o seu poder de transformar uma realidade historicamente deteriorada, sofrendo os abalos de uma mal-formação social numa nova realidade, nascida da redescoberta de uma intimidade vivenciada no passado, possuidora do poder misterioso e contínuo dos sonhos bem sonhados. Essa intimidade foi resgatada do infinitamente pequeno da realidade sertaneja. Ele revolveu a terra, posteriormente escavou a crosta, procurando a verdadeira raiz dessa realidade, e conseguiu suplantar a matéria sem forma e sem vida das marcas exteriores que pouco revelam.

Realçando o infinitamente pequeno (o interior do sertão), sustentado pela tenacidade da imaginação material, provou que este interior foi conquistado no infinito de sua própria profundeza de indivíduo pensante, alcançando a seguir o infinito dos tempos.

MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8

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