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segunda-feira, 5 de abril de 2010

BACHELARD: INVÓLUCRO DA CONSCIÊNCIA PURA - 20


BACHELARD: INVÓLUCRO DA CONSCIÊNCIA PURA - 20

NEUZA MACHADO



Ainda no plano do transcurso das coisas (plano vital), desenvolve-se a relatividade física (tempo da física), que, segundo Bachelard, apesar do pluralismo temporal, "aceita a continuidade como característica evidente”. Esse pluralismo é muito diferente do que existe nas coincidências espirituais. No plano do transcurso das coisas, há a necessidade do preenchimento das lacunas do tempo, algo não necessário no plano do espírito. Alguns privilegiados, apesar de viverem na dimensão física, necessitam de uma expansão racional, de um aprofundamento que os leve ao cogito(3), no qual se individualizam. Este cogito três é o invólucro da inteligência pura, no qual se originam as idéias elevadas e singulares.

Quando Bachelard aborda a temática do sonho, dialetizando a duração, e diz que, por intermédio dos sonhos, "é possível distinguir as influências dos tempos superpostos" e que inclusive "sonhar é desengrenar os tempos superpostos”, penso que a coordenação ou não da sincronicidade dos eventos vai depender da criatividade mental de cada um. O tempo, no sonho do amanhecer, passa a ser totalmente o tempo vertical (suspenso entre o antes e o depois), algo que independe do passado e não se preocupa com o futuro. Os tempos superpostos, até o cogito(3), de qualquer maneira, só existem no plano da realidade, portanto são vitais, dependentes também da capacidade de organização da pessoa. O tempo espiritual (cogito(4)), tempo completamente lacunar, se encontra fora da linha vital e é de difícil acesso, segundo Bachelard. Por isto, posso reafirmar: os tempos do pensamento (cogitos dois e três) fazem parte também da realidade.

MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8

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