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segunda-feira, 7 de junho de 2010

10.4 - A TEMÁTICA DA ÁGUA


10.4 - A TEMÁTICA DA ÁGUA

NEUZA MACHADO



O Ficcionista (“A terceira margem do rio”, Primeiras Estórias), por intermédio do narrador do século XX, remodela intimamente a estória insólita que está prestes a vir à luz. Realmente, as formas estáveis simplesmente reprodutoras da percepção e da memória já não o interessam mais. Ele prefere imaginar as formas singulares resgatadas de vivências primitivas. Procura, assim, sublimar os arquétipos que sustentaram o início do pensamento do homem. Remodela e disfarça os mitos primordiais, transforma Caronte num calado e desiludido fazendeiro, que, retornando ao seu elemento natural, ao longo dos anos, vai-se transformando em bicho dentro da canoinha; refaz o mito das almas culpadas, que se valem da barca, para atravessarem o Rio da Morte em direção aos infernos, associando ao mito pagão a mística da culpa cristã, tão bem representada na fala do Filho-narrador. O Pai/Caronte navega insolitamente numa canoinha de pau-de-vinhático, carregando os corações culpados de seus familiares que se sentem responsáveis por sua enérgica atitude aparentemente sem motivo.

MACHADO, Neuza. Do Pensamento Contínuo à Transcendência Formal. Rio de Janeiro: NMachado / ISBN: 85-904306-1-8

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