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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: SINHÔ JOAQUIM PEREIRA, A ESCRAVA MARGARIDA E O FILHO EUZÉBIO


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: SINHÔ JOAQUIM PEREIRA, A ESCRAVA MARGARIDA E O FILHO EUZÉBIO


ANTÔNIO DE SOUSA COSTA
 

 

 

Voltando ao meu avô Joaquim Pereira, o de sangue mestiço, quero falar sobre uma escrava por nome Margarida. Eu tenho uma recordação dela, de quando ela já estava bem velhinha. Ela tinha uma filha por nome China, e vinha sempre com a filha em nossa casa, pois era muito amiga de minha mãe.

 

Margarida era uma escura já velha, mas tinha o corpo aprumado e era bem feita de feição. Tinha também um filho por nome Euzébio. Euzébio era um mulato de boa estatura, muito alegre, vivia sempre sorrindo, e tocava viola e violão muito bem. Era muito amigo de nossa família. Era também um bom carpinteiro e bom marceneiro. Quando meu pai Zeca de Souza precisava de um carpinteiro, para fazer qualquer serviço, mandava chamá-lo, e ele vinha de muita boa vontade. Já chegava fazendo bizarria. E assim ele trabalhava em todo serviço de carpinteiro. Diziam, todos da família, que Euzébio era filho de meu avô Joaquim Pereira. Minha mãe Antoninha nunca disse nada desse assunto, mas tia Olívia era muito brincalhona e, de vezes, até nos bailes, ela puxava Euzébio pelo braço e dizia para todos: “– Agora vou dançar com meu irmão”. Ele parecia até muito satisfeito com a brincadeira.

 

Euzébio era também muito vaidoso. Ele era casado com uma escura, por nome Redosina, e era pai de vários filhos, e todos trabalhadores. Redosina trabalhava com os filhos na roça, fazia plantio de cereais, tocava lavoura de café, e tinha em casa muita fartura de mantimento, criações de porcos, de galinhas, mas, Euzébio era quem administrava tudo. Quando chegava a colheita de café, Euzébio vendia o café, botava o dinheiro no bolso, ia pra o Arraial, e ficava o dia todo bebendo cachaça, e só voltava de noite, mas sempre unido à família. Euzébio era um bom trabalhador, o serviço que fazia era feito com muita perfeição; era sossegado, não tinha pressa; serviço que podia fazer em um dia, ele gastava dois; sempre muito conversado, batendo folia nos outros; também era criticado por alguns, que não gostavam dele, porque ele andava sempre bem vestido e bem calçado, camisa e calça de brim amarelo, um bom chapéu de lebre na cabeça, um bom calçado de pelica nos pés, e era metido a conquistador, mas era um homem de paz, conhecedor da Bíblia, mas não era religioso.

 

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