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terça-feira, 26 de março de 2013

AS ANTIGAS FESTAS RELIGIOSAS EM SANTO ANTÔNIO DO ARROZAL



A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: AS ANTIGAS FESTAS RELIGIOSAS EM SANTO ANTÔNIO DO ARROZAL


ANTÔNIO DE SOUSA COSTA

 
 
 

 
Santo Antônio do Arrozal, que tinha também o nome de Choro quando eu estudava lá, tinha seis casas comerciais, de fazendas [panos, tecidos] e armarinhos, duas padarias, duas farmácias, quatro casas de bebidas e miudezas, ferraria, barbearia. Eram muitos turcos que comerciavam, negociavam até com toucinho em canoa. O senhor Luiz de Sales era o homem que comandava e organizava as festas, de mês de Maria, de Santo Antônio, de São Sebastião. De mês em mês, havia missa. O padre da Comarca de Divino ia direto pra casa do senhor Luiz de Sales.

 

Em ocasiões de festas, o senhor Luiz de Sales mandava cartas pedindo leilão, e meninas, para coroar Nossa Senhora. A igreja era pequena, mas, em todos os dias do mês de maio, ninguém faltava com a presença na igreja, para assistir à reza, em homenagem a Nossa Senhora, ou Santo Antônio, ou São Sebastião.

 

E, no dia da festa, vinha a Banda de Música do senhor Raimundo Ramos, vinha do Município de Matipó, com todos os seus filhos, filhas e genros, todos músicos. Era uma família reunida. O senhor Raimundo era maestro, e tocava clarinete.

 

Do Divino do Carangola, vinham o padre e os fogueteiros, com aqueles enormes arrumados de foguetes-de-cauda bem compridas.

 

Meu pai e minha mãe eram os puxadores da reza, eles rezavam durante todo o mês, e minhas irmãs também ajudavam a fazer o coro. Eu acompanhava, mas não ajudava a rezar. Mas, como eu tocava violão e cantava samba, marcha, valsa, minha mãe, um dia, fez-me um convite, dizendo: “– Você canta bem, tem boa voz, hoje você vai-me ajudar a rezar”. Confesso que fiquei surpreso com aquele convite, pois eu gostava mesmo era de tocar em baile, fazer serenata, não tinha a menor tenção em cantar na igreja, mas, não queria desagradar minha mãe. Aí, eu ensaiei com minha mãe e minhas irmãs, e fomos pra igreja. Minha mãe ficou tão contente, que me entregou a direção de todos os cânticos.

 

Naquela época, sempre havia festa em dois arraiais: Choro e Indayá. Meu pai era contratado para rezar nesses dois arraiais. Sendo que Indayá ficava mais longe e, assim, precisava mudar-se pra lá, com a família, durante o tempo que fosse preciso, um mês, ou até dois. Às vezes, faziam duas festas seguidas.

 

Faz pouco tempo que estive em Minas Gerais [*ano da viagem de Antônio à terra natal: 1984], aonde fui nascido e criado. Divino melhorou bastante, mas, Indayá tá no mesmo. Mas, o arraial do Choro não tem mais aquelas casas, que tinha naquele tempo. Até a Igreja arrancaram. Só se vê casinhas sarapecadas, longe uma da outra, tudo diferente. Se agente não tivesse conhecimento de como era aquele lugar no passado, nunca podia pensar que aquele lugar já foi tão movimentado. Dia de sábado, então, era uma verdadeira festa de casamento, com acompanhamento, todos a cavalo, disputando corridas, vinha gente de Bom Jesus, da Samambaia, do Alto-Carangola, do Córrego dos Dornellas, e dos Henriques, e de todos os lados.


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